Desengane-se quem pensa que todos os psicopatas se comparam ao protótipo de "Jack, o estripador" ou de "Hannibal Lector": geralmente sanguinários, anti-sociais e reconhecíveis pelas maiores atrocidades. Não. Também os há de fato e gravata; a comandar grandes empresas, instituições de renome, entidades financeiras e equipas de trabalho várias. É exactamente sobre esses que versa o livro de base científica "Snakes in suits: when psychopaths go to work" (infelizmente não traduzido para português). Da autoria de dois peritos em psicopatia (Paul Babiak e Robert Hare), a obra retrata como "qualidades" de liderança, carisma superficial, convicção, flexibilidade moral e ética, capacidade de correr riscos, ambição ou manipulação podem resultar numa escolha perigosa (estimada em 10% dos casos) e invariavelmente destrutiva (para uns quantos ou para muitos). O principal problema não residirá na maioria dos requisitos mas, antes, no facto de muitos deles encaixarem "como uma luva" na personalidade anti-social (termo técnico para a vulgar designação de "psicopata"). Ainda agora comecei a leitura, mas já a aconselho vivamente.
"Trouxe as palavras e colocou-as sobre a mesa" (Mª do Rosário Pedreira)
27 de março de 2012
20 de março de 2012
Da esperança
(Georges Braque, Little Bay at La Ciotat, 1907)
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(Valter Hugo-Mãe, 'O Homem que era só Metade' In 'O Filho de Mil Homens', 2011)
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12 de março de 2012
Da Barbárie (ou um "post" incómodo)
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Recentemente ouvi no telejornal que um dos programas mais vistos na China (por cerca de 100 milhões de pessoas) consiste num "reality show" onde uma jornalista entrevista condenados à pena de morte que estão prestes a ser executados. O programa não só se transformou num fenómeno de popularidade, como é incentivado pelo governo do país, com o pretexto de um desejado efeito dissuasor sobre potenciais criminosos. Ora, na China, os crimes elegíveis para pena de morte rondam os 50, e variam entre homicídio e roubo. Como é pendor de todo o "reality show", o "espectáculo" é largamente promovido e inclui imagens da família em desespero. Como se nota, o regozijo com o sofrimento alheio não é apanágio do passado (os circos romanos, a queima das "bruxas" e outros "divertimentos" que tais eram assistidos e aplaudidos por muitos). Infelizmente, a curiosidade mórbida persiste. E, como tal, a pergunta impõe-se: será a mão que aperta o gatilho o único dos homicidas?
Recentemente ouvi no telejornal que um dos programas mais vistos na China (por cerca de 100 milhões de pessoas) consiste num "reality show" onde uma jornalista entrevista condenados à pena de morte que estão prestes a ser executados. O programa não só se transformou num fenómeno de popularidade, como é incentivado pelo governo do país, com o pretexto de um desejado efeito dissuasor sobre potenciais criminosos. Ora, na China, os crimes elegíveis para pena de morte rondam os 50, e variam entre homicídio e roubo. Como é pendor de todo o "reality show", o "espectáculo" é largamente promovido e inclui imagens da família em desespero. Como se nota, o regozijo com o sofrimento alheio não é apanágio do passado (os circos romanos, a queima das "bruxas" e outros "divertimentos" que tais eram assistidos e aplaudidos por muitos). Infelizmente, a curiosidade mórbida persiste. E, como tal, a pergunta impõe-se: será a mão que aperta o gatilho o único dos homicidas?
(Imagem: Desenho de Lasar Segall, 1940-1943, do caderno visões da guerra)
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