(Fotografia de Robert Doisneau, L'information scolaire, 1956)
- Professora?
- Sim? – pergunto.
- O que deve fazer um psicólogo
quando uma cliente se apaixona por ele?
Respondo apelando à ética e deontologia da profissão, e antevejo que
este é apenas o mote para a pergunta verdadeiramente ansiada. Eis que ela surge
de imediato:
- E nós? O que podemos fazer
quando não queremos apaixonar-nos por alguém?
- Bem, nesse caso já está tudo feito – respondo.
A turma explode numa gargalhada colectiva, na qual participa o próprio
que deliberadamente se deixara apanhar.
- Resta decidir como resolver a
situação – acrescento, a custo, por cima do riso que a todos contagia.
Entre gargalhadas e sugestões mais ou menos inusitadas, uns e outros
vão aconselhando o colega… Recuperada a compostura, retomo a aula acompanhada
desta frequente constatação: uma turma é muito mais do que um grupo de alunos.
É um caleidoscópio de vidas e experiências que desejavelmente não podemos
adivinhar.